






Fábio Jesuíno (pág. 16)
Carlos Manso (pág. 20)
Sílvia Quinteiro (pág. 24)
Paulo Neves (pág. 28)
Festival de Observação de Aves & Atividades de Natureza (pág. 34)
Festival Pedra Dura em Lagos (pág. 46)
Festival EmRaizArt em Lagos (pág. 58)
«Baubo» no Centro Cultural de Lagos (pág. 66)
«Auto da Barca do Inferno» no Teatro Lethes (pág. 86)
«O Lago dos Cisnes» no Cineteatro Louletano (pág. 106)
Lena D’Água no Teatro Municipal de Portimão (pág. 118)
Oempreendedorismo destaca-se como um dos principais motores do desenvolvimento social, impulsionando a criação de empregos e promovendo a inovação. Nesse contexto, consolida-se como uma das estratégias mais eficazes para enfrentar crises económicas e fomentar o progresso.
Agora é o momento de olhar para o futuro e antever os caminhos que o empreendedorismo poderá trilhar em 2026.
Empreendedorismo digital
O empreendedorismo na área digital lidera o crescimento no mundo, com Portugal posicionado como um dos principais pólos de inovação digital na Europa. As receitas do Gaming atingiram 266,3 milhões de euros apenas no terceiro trimestre de 2024, demonstrando o potencial deste segmento.
Considero os centros de dados uma das maiores oportunidades, com potencial para gerar até 26 mil milhões de euros para o PIB nacional até 2030, apoiando cerca de 50 mil empregos. Entre 2022 e 2024, este setor já contribuiu com 311 milhões de euros para o PIB português.
As Fintech também representam um grande potencial, com startups e empresas consolidadas desenvolvendo soluções que simplificam pagamentos e gestão financeira, contribuindo para a integração de sistemas bancários tradicionais com plataformas modernas.
Empreendedorismo artesanal
O empreendedorismo artesanal vive um momento de transformação paradigmática em 2026, caracterizado pela confluência estratégica entre sustentabilidade, personalização e inovação. Esta sinergia cria um ecossistema empresarial verdadeiramente disruptivo, oferecendo oportunidades de negócio sem precedentes históricos no setor.
A sustentabilidade e eco-design não constituem apenas tendências passageiras, mas sim uma reorientação fundamental dos valores de consumo. Os consumidores modernos procuram ativamente produtos artesanais fabricados com materiais reciclados, biodegradáveis ou de origem certificadamente ética.
A fusão entre tecnologia e artesanato tradicional está a gerar uma nova categoria de produtos híbridos extraordinariamente inovadores. Cerâmica impressa em 3D com acabamentos
manuais, tecidos tradicionais integrados com tecnologia LED, e bordados eletrónicos que combinam técnicas centenárias com componentes digitais exemplificam esta evolução.
Empreendedorismo Colaborativo
O Empreendedorismo Colaborativo continua em crescimento e é considero uma das principais tendências nos próximos anos devido a necessidade de maior cooperação entre empreendedores para obterem melhores resultados.
Este tipo de empreendedorismo consiste numa estratégia de cooperação em que uma rede de empreendedores, com objetivos comuns, partilha recursos, ideias e soluções, fortalecendo os negócios de forma conjunta e mais sustentável. Em vez de atuarem isolados, os empreendedores colaboram entre si para resolver problemas, desenvolver projetos e trocar serviços ou indicações de clientes, criando um ecossistema empreendedor mais robusto e inovador.
Esse modelo baseia-se em redes horizontais e na confiança entre os participantes e o estabelecimento de parcerias estratégicas. Exemplos incluem
plataformas de crowdfunding, onde empreendedores podem obter financiamento coletivo para os seus projetos, ou espaços de coworking que fomentam a partilha de conhecimentos e oportunidades.
Empreendedorismo Compartilhado
O Empreendedorismo compartilhado é caracterizado pela divisão do uso de bens e serviços entre várias pessoas. Nesse modelo, o acesso é preferido em vez da posse. É comum em serviços peer-to-peer (P2P), onde indivíduos compartilham ativos subutilizados, como casas ou carros, em troca de remuneração. Alguns exemplos são o Airbnb (arrendamento de acomodações) a Uber (transporte compartilhado) e plataformas de venda de itens usados, como OLX.
Este tipo de empreendedorismo está cada vez mais forte devido ás mudanças de comportamento da sociedade que valoriza a sustentabilidade, a economia colaborativa e a otimização de recursos. Além disso, a tecnologia desempenha um papel crucial ao facilitar ligações entre utilizadores e fornecedores, tornando a partilha mais acessível e eficiente. Assim, o empreendedorismo compartilhado não só transforma a forma como consumimos, mas também promove um modelo econômico mais inclusivo e consciente.
Estas são as tendências que vão fazer a diferença em 2026 na área do empreendedorismo e impulsionar a criação de negócios.
s eleições autárquicas de 12 de outubro de 2025 vieram confirmar uma velha verdade da democracia portuguesa: nas autarquias, o voto é mais pessoal e menos partidário. E no Algarve essa evidência revelou-se de forma exemplar, tendo a região demonstrado que a política local obedece a lógicas distintas das legislativas e que os eleitores algarvios são hoje mais exigentes, mais livres e menos previsíveis.
Comparando os resultados de maio com os de outubro, percebemos o desfasamento entre o impulso nacional e a escolha local. Nas legislativas, o distrito de Faro foi um dos palcos do crescimento expressivo do Chega, que conquistou mais de um terço do eleitorado, relegando o PSD e o PS para posições de retração, e muitos não demoraram a concluir que era o prenúncio de uma viragem profunda no mapa político algarvio. Não faltaram insultos gratuitos ofendendo os algarvios da sua escolha democrática.
Contudo, cinco meses depois, nas autárquicas, o cenário nacional fragmentou-se, e em alguns concelhos, o PSD consolidou posições; noutros, o PS
resistiu; e, em vários, candidaturas independentes ou movimentos locais venceram contra todos os prognósticos. O eleitor, longe de seguir uma cartilha nacional, votou nas pessoas.
É esse o traço mais marcante da democracia local portuguesa: a personalização do voto em que o cidadão não vota apenas em partidos, vota em rostos, histórias e atitudes. Nas autárquicas, o eleitor conhece o candidato, cruza-se com ele, sente os efeitos concretos das suas decisões no quotidiano. As ruas, a limpeza, o transporte, o turismo e o ordenamento são algumas das matérias que definem o voto, muito mais do que as bandeiras ideológicas ou os discursos inflamados de Lisboa.
Essa realidade deveria servir de aviso aos autarcas agora eleitos. Nenhum deles é dono dos votos que recebeu, porque o voto é emprestado, nunca concedido. É um contrato precário, sujeito a avaliação permanente e onde cada promessa incumprida, cada gesto de arrogância, cada distância criada entre eleito e eleitor, é uma quebra dessa confiança frágil.
Ao contrário das legislativas, onde o ciclo é mais abstrato e o eleitorado mais difuso, nas autárquicas a penalização é direta e implacável, porque quem falha
sente-o no terreno, nos cafés, nas praças e nas urnas seguintes.
O Algarve, região que cinco meses antes todos insultavam, não compreendendo – nem querendo compreender – as razões que levaram às suas escolhas nas urnas, mostrou também outra faceta interessante, a coexistência entre o voto de protesto nacional e o voto de confiança local.
Muitos eleitores que em maio escolheram um partido como forma de contestação, em outubro optaram por outro ou até por uma lista independente como forma de resolver problemas concretos. O mesmo cidadão que quis «mudar o sistema» nas legislativas quis «melhorar a sua terra» nas autárquicas.
Isso não é incoerência; é maturidade democrática e é a prova de que o eleitor português é capaz de separar o Estado da Câmara, o Parlamento da Junta, o discurso da ação.
Por isso, as autárquicas são o espaço da proximidade, mas também da verdade política onde é revelado o que as legislativas muitas vezes disfarçam: que o poder não é propriedade, é relação; que os votos não se herdam, conquistam-se; e que a legitimidade democrática só se sustenta se for renovada diariamente, através do serviço público e da escuta ativa.
Os autarcas eleitos em 2025, sobretudo os que chegam pela primeira vez ao poder, devem compreender que este é o tempo da conquista permanente e que não basta vencer eleições, é preciso merecê-las todos os dias. O eleitor não quer chefes, quer servidores; não quer slogans, quer soluções; não quer símbolos, quer resultados.
O Algarve, tantas vezes visto como periferia política, deu nesta eleição uma lição de centralidade democrática. Mostrou que o voto é livre, volátil e exigente; e que a confiança do povo não é um título de posse, mas um mandato com prazo, renovável apenas pelo mérito.
No fundo, é essa a beleza da política local: a lembrança de que o poder é sempre temporário, e que o verdadeiro poder – o único que perdura – é o de continuar digno de ser escolhido. Pensem nisto.
Nota: Este artigo de opinião apenas reflete a opinião pessoal e técnica do Autor e não a opinião ou posição das entidades com quem colabora ou trabalha.
izem os especialistas que o lugar é uma fração do espaço à qual emprestamos sentido. Um pedaço de mundo que isolamos e reclamamos como nosso, a partir das vivências, das memórias, das pessoas com que ali nos cruzámos. Há mesmo quem o compare a uma casa: o espaço são as quatro paredes vazias; o lugar nasce quando nele colocamos um pedaço de nós: a mobília que escolhemos, o diploma emoldurado, uma fotografia da infância, recordações de viagens, o velho baú da avó, os livros… A casa respira, ganha alma, torna-se abrigo. O corpo e o coração aquietam-se.
O mesmo acontece quando caminhamos pela cidade onde crescemos. Pertencemos um ao outro. Nesta porta, o quiosque onde comprávamos os livros do Tio Patinhas. Mais adiante, a velhinha escola primária. Por aqui, o caminho que percorríamos até lá, de mão dada com a melhor amiga. Junto ao passeio, erguemse ainda os jacarandás que nos colavam as sandálias ao chão. E, continuando, encontramos o jardim das brincadeiras, as esplanadas onde, já adolescentes, parávamos no regresso das aulas, o saudoso cinema, o escritório do pai, o cheiro da primeira croissanteria...
Sabemos de cor as ruas, os monumentos, as lojas, os cafés, os
canteiros. Conhecemoslhe inclusive os perpétuos buracos na calçada. A cidade, enorme caixa de memórias, é a prova silenciosa de que a nossa história existiu. Confirma as recordações a cada passo, mesmo que quem caminha ao nosso lado jamais possa vir a perceber o brilho súbito dos nossos olhos aos avistarmos a montra de uma obsoleta retrosaria, um pequeno museu ou o edifício abandonado de uma moagem. Só nós sabemos do tule escolhido para o vestido da comunhão, dos barcos em miniatura a navegar nas vitrines, dos fantasmas que assombravam os enormes silos nas noites de inverno.
Até ao surgimento das grandes superfícies, o coração da minha cidade batia, literalmente, no centro. A Baixa: ponto de encontro e de passagem, das piscinas que se faziam para matar o tempo e o tédio, palco de vaidades e de afetos. Ao fundo, a avenida: ramadas antigas, copas frondosas. E, a coroá-la, o solene Liceu, de cujas janelas se avistava o mar e se sonhavam futuros.
Entre uma coisa e outra, um parque de estacionamento. Os carros acobertados sob os ramos verdejantes. As pessoas a mover-se por entre eles, prolongando a rua principal. Acenos, palavras breves, o rumor da familiaridade.
Um parque de estacionamento. Nada mais do que isso. Não um postal turístico:
um lugar, um recorte no espaço da cidade, imperfeito, mas vivo.
Enterrou-se o parque. Os carros eram um estorvo. Arrancaram-se as árvores. Suponho que também incomodassem. Alisou-se. Pavimentou-se. Removeram-se os obstáculos. Um espaço limpo. Um deserto. Desengane-se, porém, quem ali espera avistar um qualquer oásis, uma pirâmide ou uma esfinge enigmática. No largo asséptico ergue-se solitário, num dos extremos, um edifício alaranjado cuja frieza lembra um crematório.
É certo que a beleza é discutível. Mas não será por acaso que raras são as pessoas que o atravessam. E, quando tal acontece, fazem-no em passo acelerado. Ninguém
se demora naquele vazio. Nem os cães, privados de um pneu, um canto ou um tronco que os convide a marcar território.
O antigo lugar deixou de o ser. O largo é hoje apenas espaço: anónimo, árido, indiferente. Um cenário sem identidade, ao qual ninguém pertence.
O que me entristece não é ter, na minha cidade, o largo mais feio do mundo — peculiaridade que, com algum engenho, podia mesmo ser usada para o converter em atração turística — é saber que, ao contrário de outros desertos, este não nasceu do acaso nem do abandono. Foi meticulosamente concebido, pensado linha a linha, pedra a pedra, até se atingir a mais profunda ausência de alma.
stamos a menos de 90 dias da eleição direta do Presidente da República Portuguesa. Sublinho direta pois que, em outros países democráticos, a mesma é realizada através de colégios eleitorais constituídos por outros políticos, portanto, de forma indireta e sem a participação nem a escolha dos eleitores.
Sem discutir da menorização do papel PR neste quadro de dependência, prefiro colocar o ponto de apreciação sobre a personalidade, a confiança, sobre quem exerce um poder unipessoal, de eleição, por todos nós. Sim, a responsabilidade dos eleitores é, afinal, a de escolherem o perfil certo, de entre os candidatos, para tão elevado cargo.
Se escolheram um carácter de frenesim político, tiveram «um jogador» em vez de um moderador do executivo que detém efetivamente poder no quotidiano das nossas vidas. Se optarem por um homem de negócios, o que terão é um influenciador por quem lhe pagou o sucesso que o trouxe à notoriedade e lhe permite disputar a eleição, intrometer-se ou contemplar o executivo que lhe é próximo. Enfim, está na moda esta confusão no poder. Se preferirem um desconhecido, pretensamente austero, pois jogarão nas surpresas do dia seguinte e é o que terão – surpresas. Certo que, quando convivi com a logística da Covid
não me fez compreender superlativas qualidades. Claro que também podem as minorias contra o sistema optar por fazer eleger um Presidente desestabilizador ativo do funcionamento das instituições. Não vale a pena o voto.
A beleza da escolha é que conhecemos os perfis e temos a responsabilidade de decidir quem representará a nossa República (em que a soberania reside no Povo). Prefiro manter, para mim, para cada um de nós, essa responsabilidade da escolha.
Não é novidade que apoio António José Seguro, em confiança da sua personalidade e percurso, independentemente das opções do partido a que aderi. Precisamente um dos pontos fortes de Seguro é o de, afinal, não ter dependido de um partido para decidir e afirmar-se como candidato, podendo ter o distanciamento em relação aos vários atores, sejam da oposição, seja do poder executivo sem ser da sua confiança partidária e, portanto, distanciar-se da moderação e papel que a magistratura presidencial lhe confere por maioria de razões e de equilíbrio institucional.
A personalidade não é exuberante, mas para quem o conhece é de pessoa sinceramente empática, interessada e bem-disposta. De bem com a vida e as opções que tomou.
Ao tempo da liderança de José Sócrates, e ainda assim, apostou na reforma do sistema parlamentar, no funcionamento e condições de exigência fiscalizadora da Assembleia e dos Deputados eleitos, face ao Governo com tanto sucesso que essas medidas de fundo perduram.
Disputou lideranças com António Costa, de tal forma que, antecipando o seu mandato, até promoveu o mais amplo exemplo de participação na vida interna dos partidos, permitindo a escolha do seu líder através de simpatizantes além dos seus militantes (não me lembro de tal ter sido repetido depois). E, sim, isso catapultou o PS, em confiança, para as eleições pós-troika.
E, sim, o maior exemplo de discernimento e responsabilidade, durante a troika, aquando da decisão irresponsável e surpreendente da apresentação da demissão irrevogável do então vice-primeiro ministro, ter cedido à tentação de fazer o PS ocupar o poder.
Aliás, a admiração internacional pelo clima político interno num momento de ajuda externa (mesmo com medidas que foram levadas para além do exigível), deve-se muito ao seu papel persistentemente moderador. Ainda nos lembramos da sua expressão ao PS:«Qual é a pressa?». A resposta ainda hoje ressoa internamente dos que a tinham. É o poder acima de tudo.
Também a sua decisão de se manter calado, que não afastado ou desinteressado da vida pública (falo em causa própria), durante estes 10 anos,
deram-lhe uma experiência que nenhum outro tem – Viver como Um de Nós.
Dependendo apenas do seu trabalho privado e assumindo as suas origens, dãolhe um estatuto, independência e, ao mesmo tempo, relação com a comunidade, que é quem o vai escolher que nunca outro teve por opção própria. Se não for escolhido, lá o encontraremos nas aulas, na vindima, ou no turismo do interior e em mais que deseje como qualquer português e não se sentirá diminuído, nunca.
António José Seguro emprestará ao cargo de eleição direta, a normalização do sistema semipresidencial, de eleição direta, com a sua maneira de ser ponderada e construtiva, com o parlamentar que bem conhece das reformas implementadas por si. No quadro internacional, goza do lastro do seu contributo para o respeito pelos políticos portugueses. E, seja enquanto Deputado Europeu, seja enquanto membro do Governo com António Guterres, a experiência dos meandros de decisão e ação são-lhe reconhecidos.
Eu reconheço, por maioria de razão, pois que coincidiu com a minha eleição como deputado e várias vezes participei em iniciativas que conduziu para conciliar diversos interesses, competências e as melhores opções no interesse de todos.
Sim, Seguro é a melhor individualidade em presença nesta campanha que se avizinha.
Festival de Observação de Aves & Atividades de Natureza
voltou a encher
Sagres de vida e entusiasmo, com a edição de 2025 a registar a participação de cerca de 1.300 pessoas de 34 nacionalidades. Ao longo de quatro dias, entre 2 e 5 de outubro, foram realizadas 275 atividades, das quais 153 foram gratuitas e 80 esgotaram, refletindo o elevado interesse do público pelas
experiências oferecidas. Entre os participantes, destaca-se a participação de dezenas de famílias, sublinhando o papel do festival na educação ambiental das novas gerações.
Durante o festival, foram observadas 148 espécies de aves, com especial destaque para o borrelho-ruivo, sombria, tartaranhão-caçador, pardela-preta, sissão e búteo-vespeiro-ocidental. Os participantes tiveram ainda a oportunidade de participar em atividades tão diversas como saídas de barco para
observar golfinhos e aves marinhas, cursos de fotografia, oficinas de ilustração, observação de insetos, plantas e répteis, astronomia e até identificação de morcegos.
Com participantes vindos de quatro continentes e um ambiente de partilha e descoberta, o Festival reafirmou-se como um ponto de encontro de referência para amantes da natureza, investigadores, famílias e cidadãos curiosos. Organizado pela Câmara Municipal de Vila do Bispo em parceria com a Sociedade Portuguesa
para o Estudo das Aves (SPEA) e a Associação Almargem, o evento contou com o apoio de dezenas de voluntários e
parceiros, cuja colaboração foi essencial para mais este sucesso. “Esta edição provou, mais uma vez, que Sagres é um destino de excelência para quem quer
conhecer e proteger a nossa biodiversidade. O envolvimento dos participantes e a qualidade das atividades mostraram que este festival é muito mais do que um evento: é um movimento em prol da natureza”, afirma a organização.
Com o entusiasmo renovado, a organização já está a preparar a edição de 2026, que voltará a acontecer entre 2 a 5 de outubro, mantendo Sagres como capital da observação de aves e da sensibilização ambiental em Portugal.
OPedra Dura –Festival de Dança do Algarve regressa de 4 a 9 de novembro a vários espaços da cidade de Lagos, com uma programação que reúne dança, cinema, música, oficinas e masterclasses. Na sua quarta edição, o certame convida à pausa, à escuta e à resistência, com propostas que refletem sobre o corpo, o coletivo e a urgência de habitar o tempo presente.
A programação conta com as estreias nacionais de Igor e Moreno, que apresentam «Idiot-Syncrasy», uma performance de dança que usa o salto –tanto literal como metafórico – para explorar a ideia de preservar, cuidar e ter esperança; Dag Taeldeman & Andrew Van Ostade mergulham numa experiência de dança e música percussiva em «BodyBodyBodyBody»; «Fantasie Minor», de Marco da Silva Ferreira, uma performance dueto com Chloé Robidoux e Anka Postic que cruza a dança urbana e música clássica, num jogo de força e fragilidade coreografado como um ritual
de passagem; e «Crying Cycle 2», de Daniel Matos & João Catarino, uma vídeo-dança, que explora o desapego, a repetição e o desejo de recomeço através de um corpo que chora nos olhos de outras pessoas. A edição deste ano celebra ainda os dez anos da criação de Amélia Bentes, «Sem Chão Sem Fim», com a recriação da obra que marcou o seu percurso artístico.
Também sobre corpo e espaço, Marta Cerqueira traz «Over Our Heads», uma
instalação coreográfica onde a audiência é convidada a brincar, explorar e criar, tornando-se parte ativa da obra. Ainda no campo das criações nacionais, Inês Sybille & Malvin Monteiro apresentam «O Nosso Lakou Digital», uma performance que evoca o espírito do lakou haitiano como espaço de resistência e memória, num diálogo pancaribenho entre corpos diaspóricos e arquivos fragmentados. Esta apresentação segue-se ao Lançamento do jornal Coreia que destaca, na edição #13, diferentes formas
de pensar o corpo, o gesto e o mundo, incluindo a tradução do manifesto do Pavilhão da Palestina na Bienal de Arte de Veneza (2024).
«Escola para Mutantes: Práticas de Estudos e Desejos», uma masterclass orientada por Bernardo Chatillon, surge como um espaço-laboratório de criação coletiva. A partir do cruzamento entre movimento, escrita e oralidade, convida participantes a uma prática intuitiva, entre o individual e o coletivo, a presença e a experimentação.
O encontro entre dança e corpo estende-se ao cinema com a exibição de «Rebento», de João Sanchez. Em diálogo com a história da dança
contemporânea, o festival apresenta ainda dois emblemáticos filmes de Thierry De Mey, em torno da coreógrafa Anne Teresa De Keersmaeker: «Fase» e «Rosas danst Rosas». É a evocar a importância de comunidade, encontro e da dança que a programação deste ano conta com apresentação do Rancho Folclórico e Etnográfico de Odiáxere, com DJ sets de VonCente, Guillotina e GuerreiroGalan te e o concerto de Sara Pissarro, «A Cave, A Rat, A Landscape».
Em 2025, o festival renova a parceria com o Centro de Ciência Viva de Lagos e conta com a atividade de Observação de Estrelas e uma Oficina de Impressão em 3D. Esta edição conta também com a
inauguração de uma nova exposição no âmbito do CenDDA –Centro de Documentação de Dança do Algarve, ligada à ideia de intimidade. Toda a informação sobre o programa pode ser consultada em www.festivalpedra dura.com
O Pedra Dura conta com a direção artística de Daniel Matos e Joana Flor Duarte e é uma coprodução da Cama – Associação Cultural e do Município de Lagos.
Festival EmRaizArt
regressou em 2025 para celebrar a sua quinta edição, consolidando-se como uma referência no panorama das artes performativas para a infância e juventude em Portugal. Organizado pela Associação Teatro Experimental de
Lagos, em parceria com o Município de Lagos e os agrupamentos escolares Júlio Dantas e Gil Eanes, o festival aliou arte, educação não formal e sustentabilidade, criando pontes entre o meio urbano e o rural através da cultura.
Deste modo, de 29 de setembro a 5 de outubro, a Quinta Velha, no coração do montado de sobreiros milenares do Cotifo, transformou-se num espaço único
de celebração da criatividade, inclusão e encontro entre comunidades, oferecendo uma programação diversificada que cruzou espetáculos internacionais, workshops, palestras e experiências imersivas. A edição de 2025 do Emraizart dedicou os primeiros quatro dias a grupos escolares do primeiro, segundo e terceiro ciclos, proporcionando espetáculos e workshops em áreas como circo, teatro, construção criativa e permacultura, bem como formações para professores, acompanhadas por um Manual de Boas Práticas do EmRaizArt que permite dar continuidade às aprendizagens em sala de aula.
A sexta-feira foi especialmente dedicada à acessibilidade cultural, aberto a públicos com capacidades diversas e escolas vindas de fora do concelho, promovendo a inclusão de comunidades que frequentemente ficam à margem da oferta cultural. No fim de semana, o festival abriu-se às famílias, com dois dias de programação que incluíram espetáculos internacionais, uma fanfarra itinerante, workshops e palestras, criando momentos de partilha e convivência entre gerações.
Na programação artística, o festival apostou exclusivamente em companhias
internacionais de circo contemporâneo e teatro físico, privilegiando espetáculos acessíveis e multilingues. Entre os destaques encontravam-se «Ça Va Péter», da companhia belga À La Maleta, que combina malabarismo, humor e interatividade num espetáculo explosivo; «Gustavo La Vita», do italiano Andrea Farnetani, um clown poético que reflete sobre a fragilidade e a alegria da vida; e «V.O.G.O.T.», da companhia Masawa de França, que explora os cinco sentidos. A programação contou ainda com a presença da Orquestra Ligeira de Lagos,
que, através de uma fanfarra itinerante, trouxe energia, música e momentos de celebração coletiva ao recinto.
O festival ampliou a sua proposta artística através de workshops e palestras que exploraram a criatividade, a educação e a sustentabilidade, para adultos e famílias. As atividades incluíram oficinas de clown, narrativas infantis, conversas participativas, circo, construção criativa e práticas de permacultura, orientadas por artistas nacionais e internacionais. Professores e
educadores beneficiaram de formações específicas, com destaque para Gabriela Espinosa, que abordou o corpo e a criatividade na educação.
A sustentabilidade voltou a ser um dos eixos centrais do EmRaizArt e as mascotes do cartaz Cortiça e Bolota ganharam vida no recinto, interagindo com o público e transmitindo mensagens de sensibilização ambiental, reciclagem, uso responsável da água e respeito pela
biodiversidade. O recinto convidou ainda ao piquenique e ao convívio em espaços com jogos tradicionais, reforçando a ligação entre comunidade, natureza e cultura.
No final, o Festival EmRaizArt reafirmou-se, mais uma vez, como um espaço de experimentação artística, formação e acessibilidade, promovendo a arte como ferramenta de encontro, reflexão e transformação social.
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
o cruzamento entre arte, corpo e transformação, nasce «Baubo», um espetáculo de dança contemporânea com direção e coreografia de Sofia Brito, criado no âmbito do projeto Artista-Mãe e que viu a luz do dia, a 10 de outubro, no Centro Cultural de Lagos, numa produção da AORCA.
O palco acolhe Sofia Brito, Sara Martins, Bárbara Ramos e Alexa Papa, um coletivo de mulheres artistas — filhas, mães, criadoras — em momentos de viragem nas suas vidas que se reinventam através da maternidade, do desejo e da dor. A deusa do ventre Baubo surge como uma revelação: emergiu do corpo e do processo criativo como presença vinda de um lugar profundo e instintivo. “Uma figura arquetípica que desafia o silêncio e dá voz às múltiplas camadas da experiência feminina. Ela surge como
corpo que ri, que gesta, que sofre, que dança e que, por fim, resgata o selvagem — o estado natural”, descreve a coreógrafa Sofia Brito.
«Baubo» é uma coprodução da Câmara Municipal de Lagos / Centro Cultural de Lagos e do Teatro das Figuras e teve apoios da DGARTES / República Portuguesa, Câmara Municipal de Loulé / Cineteatro Louletano e Junta de Freguesia de São Gonçalo de Lagos.
Contou ainda com apoio à residência da Câmara Municipal de Lisboa / Pólo Cultural das Gaivotas | Boavista, Câmara Municipal da Moita / CEA – Centro de Experimentação Artística, OPART, E.P.E. / Estúdios Victor Cordon, Companhia Olga Roriz, Companhia Clara Andermatt, DeVIR/CAPa, Espaço Yucca, Messe Militar de Lagos e Quinta Vale da Lama.
A AORCA é uma estrutura financiada pela DGARTES / República Portuguesa e pelo Município de Lagos.
CTB – Companhia de Teatro de Braga apresentou, no dia 9 de outubro, no Teatro Lethes, em Faro, a sua versão do clássico de Gil Vicente «Auto da Barca do Inferno», em duas sessões esgotadas destinadas ao público escolar.
Será que a maledicência, o orgulho, a usura, a concupiscência, a venalidade, a petulância, o fundamentalismo, a inveja, a mesquinhez, o falso moralismo cristão, têm entrada direta no Paraíso? Ou terão de passar pelo Purgatório? Ou vão diretamente ao Inferno? E a pé, de pulo
ou voo? Aliás, onde fica e como designamos o Lugar onde estamos? E que paraíso buscamos? Estas foram as questões da CTB, em demanda da modernidade sobre o texto Vicentino e o prazer do jogo teatral.
O espetáculo surge na sequência de «Pára-me de Repente» sobre a nossa memória identitária, foi encenado por Rui Madeira e contou com a brilhante interpretação de Carlos Feio, Rogério Boane, André Laires, António Jorge, Solange Sá, Jaime Soares, Sílvia Brito e Eduarda Filipa. E se o enredo da história já é mais ou menos conhecido de todos, o final, esse, surpreendeu todos os presentes.
Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes
Cineteatro Louletano
assistiu, no dia 5 de outubro, a «O Lago dos Cisnes» do Teatro do Vão, um espetáculo que reescreve a ideia de cânone e que, não só transpõe para teatro uma linguagem que é do bailado, como reinterpreta uma ideia de belo, de gracioso, de cisne, trazendo para a cena todos os tipos de corpos. “Não é uma adaptação textual de uma famosa partitura, mas antes uma especulação sobre este bailado e sobre a forma como ele pode reverberar nos dias de hoje”, explica o diretor artístico Daniel Gorkão.
Com texto de André Tecedeiro, a peça é interpretada por Batata, Duarte Melo, Inês Cóias, Rita Carolina Silva e Zé Couteiro, numa produção do Teatro do Vão que teve como mecenas a Missão Continente, sendo ainda uma coprodução do Centro Cultural de Belém, Centro de Artes de Ovar e Cineteatro Louletano. Contou com os apoios da República Portuguesa – Cultura / DGARTESDireção-Geral das Artes, RTP, Petratex, Ambitious, Ray-ban e Oakley e o Teatro do Vão agradeceu ainda a Companhia Maior, Showpress, Apiccaps, OPARTOrganismo de Produção Artística EPE/Companhia Nacional de Bailado, Lote 64 – Associação Cultural, plataforma285, Felipe Silva, Frederico Batista e Rafael Fernandes.
11 de outubro, Lena d’Água regressou ao Algarve para um concerto memorável no Grande Auditório do TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, poucos dias depois de conquistar o Globo de Ouro de Melhor Intérprete, na categoria de Música, no Coliseu dos Recreios.
Com uma carreira que atravessa mais de quatro décadas, Lena d’Água mostrou que continua a ser uma das vozes mais marcantes da música portuguesa. O concerto, integrado na digressão de apresentação do álbum «Tropical Glaciar» (2024), escrito por Pedro da Silva Martins, confirmou a vitalidade de uma artista que se reinventa sem perder autenticidade.
Acompanhada por Pedro da Silva Martins, Luís J. Martins, Nuno Prata, Catarina Falcão, Vicente Santos e Sérgio Nascimento, a cantora percorreu temas clássicos como «Sempre que o Amor me Quiser», «Dou-te um Doce» e «Demagogia», e apresentou canções recentes como «Desalmadamente», «Semente» e «Pop Toma». Num auditório completamente cheio, o público vibrou e cantou em uníssono, num ambiente de celebração e emoção. O ponto alto chegou no encore, com uma sentida versão acapela de «Estou Além», de António Variações, em tom de homenagem.
Lena d’Água reafirmou, assim, o seu estatuto de diva maior da pop portuguesa, mantendo intactos o carisma, o timbre e a cumplicidade com o público que a acompanha há gerações.
PROPRIETÁRIO E EDITOR:
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Daniel Pina
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A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão.
A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica.
A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais.
A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos.
A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas.
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