Alquimia dos segredos - Vol 1

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Da autora das séries Caraval e Era uma vez um coração partido

STEPHANIE GARBER

Da autora das sér ies Caraval e Era uma vez um coração partido

STEPHANIE GARBER

Copyright © 2025 Stephanie Garber

Copyright desta edição © 2025 Editora Gutenberg

Título original: Alchemy of Secrets

Todos os direitos reservados pela Editora Gutenberg. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.

editora responsável

Flavia Lago

editoras assistentes

Samira Vilela

Natália Chagas Máximo preparação de texto

Natália Chagas Máximo

revisão

Claudia Barros Vilas Gomes

projeto gráfico da capa

Rachael Lancaster/The Orion Publishing Group

ilustração da capa

Kelly Chong

adaptação da capa

Alberto Bittencourt

diagramação

Waldênia Alvarenga

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil

Garber, Stephanie Alquimia dos segredos / Stephanie Garber ; tradução Lavínia Fávero. -- 1. ed. -- São Paulo : Gutenberg, 2025.

Título original: Alchemy of Secrets

ISBN 978-85-8235-847-4

1. Ficção de fantasia 2. Ficção norte-americana I. Título.

25-300701.0

CDD-813

Índices para catálogo sistemático:

1. Ficção : Literatura norte-americana 813

Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427

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Este aqui é para o meu pai.

Você pediu que eu não te dedicasse este livro, mas dediquei mesmo assim.

Te amo, pai!

Folclore 517

Tudo começou com um cochicho ouvido na fila de algum café, uma história que deveria ter ignorado. Mas o boato ficou na sua cabeça feito uma música, atormentando você feito um enigma não solucionado. Até que, por fim, te trouxe até aqui. Um estacionamento que não se importou com a previsão do tempo, é óbvio.

Disseram que hoje a noite seria estrelada, nenhuma nuvem no céu, mas você pode sentir a chuva nos dedos dos pés. A umidade te atinge em gotículas furiosas enquanto você corre de sandálias pelo pavimento. À sua volta, a luz dos postes pisca, um coro estático para seus passos molhados. Você não perdeu o fôlego, mas diminuiu o passo e parou debaixo de uma marquise. As palavras EM BREVE faíscam em maiúsculas letras vermelhas, projetando sombras em neon na bilheteria retrô, coberta por pôsteres desbotados, anunciando atrações que já vieram e partiram. O nome de Veronica Lake toma conta da parte de cima de um dos pôsteres, escrito em letras amarelas e desbotadas; em outro, uma Loretta Young em preto e branco sorri para você. O pôster com Loretta é de Uma noite inesquecível, e você torce para que esta seja uma dessas noites.

Não sabe ao certo se as histórias são verdadeiras ou não. Mas, quando passa pela porta e entra no saguão do cinema, meio que espera cair em um buraco sem fundo, em uma toca de coelho no melhor estilo Alice no País das Maravilhas

Sua empolgação cobre tudo com uma camada extra de brilho. À direita, há uma fileira reluzente de telefones públicos, dentro de impecáveis cabines de madeira e vidro. Você nunca viu tantos na vida. Quase fica tentada a tirar uma foto, mas não tira. E não poderia fazer isso nem se quisesse. A esta altura, o celular não funciona mais, só que você ainda não sabe. De repente, está tão distraída pela bombonière antiga à sua esquerda, cuja poeira

tem cara de nostalgia, que mal percebe os pontos descascados na tinta dourada da faixa estilo art déco com sóis geométricos e golfinhos saltando.

Logo acima, uma placa que diz:

Pipoca 10 centavos

Pipoca com manteiga 15 centavos

Cigarros 25 centavos

Você não sabia que, naquela época, vendiam cigarros no cinema. Mas, por um instante, consegue sentir o cheiro da fumaça e da pipoca. Quase consegue sentir também o gosto da manteiga. Mas não se demora no saguão. Só existe um cinema – uma atração – que deseja encontrar e vai direto até ela.

Sente um aperto no peito. O coração disparado. E você continua torcendo para encontrar a toca do coelho que vai te levar para outro mundo. Quando passa pela porta dupla, está com os óculos cor-de-rosa do otimismo, é uma foto estourada, exposta à luz em excesso.

O cheiro ainda é de fumaça e pipoca, mas também tem algo mais. Talvez seja apenas o aroma de veludo velho misturado com notas persistentes de terra molhada pela chuva, mas algo te faz pensar em sonhos cinematograficamente coloridos quando você espicha o pescoço para admirar o teto daquela sala com o pé-direito absurdamente alto. É puro ouro e marfim, coberto por mais desenhos estilo art déco, que poderiam ser primos do zodíaco.

Sob a abóbada elaborada, uma parte dos assentos já está ocupada. Vinte e cinco? Cinquenta, talvez? Você se sente nervosa demais para calcular direito e se senta mais para o fundo. A poltrona balança, o veludo gasto é macio, mas a sensação é de estar longe demais do palco.

Você resolve se aproximar e vai olhando disfarçadamente para as outras pessoas enquanto faz isso. Quer descobrir quem mais conseguiu entrar, se tem alguém conhecido. Mas, dada à escassa quantidade de pessoas que conhece na faculdade, não é nenhuma surpresa o fato de todos os rostos lhe serem estranhos. Algumas pessoas estão cochichando, outras dão uma risadinha, poucas, como você, não dizem nada, mas existe um fio que amarra todos: expectativa.

Tem que ser aqui. As cortinas do palco são de um rosa escuro e intenso e, quando se abrem, você segura a respiração.

“Cavalheiros, por gentileza, tirem o chapéu”, aparece na tela.

Em seguida, essa cartela é substituída por outra: “É proibido assoviar alto e conversar”.

O que, é claro, instiga diversos assovios. Mas, em seguida, tudo fica silencioso, quando a imagem sai da tela e uma estrela minúscula aparece no canto superior direito. Pisca uma, duas vezes. E aí todas as luzes do cinema se apagam.

Fica mais escuro do que a noite lá fora. Dá para ouvir as pessoas pegando o celular, mas nenhum funciona, incluindo o seu. Sem sinal. Sem luz. Sem relógios digitais para dizer quantos minutos estão se passando.

Você não sabe por quanto tempo está ali até ouvir a primeira pessoa ir embora. Deve ter concluído que aquela aula não é para ela, se é que é uma aula. Mais algumas pessoas fazem a mesma coisa.

Você odeia ter a tentação de fazer o mesmo.

Seus dedos dos pés não estão mais molhados, mas a pele está arrepiada de frio. Você tem a sensação de que alguém está te observando, apesar de estar escuro demais para enxergar.

Mais tempo transcorre, e você repassa as histórias que ouviu, os boatos e cochichos a respeito de uma matéria muito específica, que não consta em nenhuma lista de disciplinas on-line, dada por uma Professora-Doutora que não aparece em nenhum site. E, de repente, você pensa que é por um bom motivo. Você pensa que, talvez, devesse ir embora. Você pensa que… Uma luz pisca no palco. É só uma coisinha minúscula, mas o brilho te conquista. Você fecha os olhos, abre em seguida. E, quando é capaz de ver novamente, ela está ali.

Sentada em um banquinho de madeira, no meio do palco.

Você não sabe há quanto tempo ela está ali, mas tem a impressão de que está esperando há horas, assim como as vinte e poucas pessoas que permaneceram no lugar. É mais baixa do que imaginava. As pessoas falam dela de um jeito que sempre a fez parecer alta, escultural, alguém que, literalmente, atrai todos os olhares. Mas ela parece uma avó. O cabelo chanel grisalho emoldura um rosto redondo, que sorri discretamente, enquanto diz as palavras que farão você ficar com a sensação de que todo aquele frio, toda aquela umidade e aquela espera valeram a pena.

– Vocês estão aqui por causa de uma história – diz. – E agora vou contar outra.

Capítulo um

Holland St. James estava contando as horas para aquela noite chegar. Experimentou sete vestidos e cinco pares de sapatos, cacheou os cabelos e até fez uma maquiagem nova nos olhos. E, agora, estava prestes a pôr tudo a perder.

– Achei que a gente ia tomar sorvete – comentou Jake, sendo absolutamente legal. Porque ele devia ser o cara mais legal com quem Holland já saiu na vida.

Quando Jake entrou no Coffee Lab de Santa Mônica pela primeira vez, há umas duas semanas, Holland achou que ele era a coisa mais fofa do mundo. Estava mais para Clark Kent do que para Super-Homem e usava óculos com armação escura que sempre foram seu ponto fraco, uma verdadeira criptonita pessoal. E aí Jake esbarrou nela, derramando parte do café gelado, e Holland notou os livros que o garoto estava segurando.

Jake fazia pós-graduação, se preparava para ser professor de Inglês como língua estrangeira.

Na primeira vez que os dois saíram, Holland também descobriu que Jake era voluntário no abrigo de animais de Los Angeles e no Mercado de Viagem do Tempo de Echo Park – que, na verdade, é uma ONG que ajuda crianças a escreverem de forma criativa. Na segunda vez que saíram, ela descobriu que o rapaz tinha se tornado vegetariano recentemente e andava de bicicleta, não de carro, porque queria fazer tudo o que estivesse ao seu alcance pelo meio ambiente.

Jake era um cara bonzinho, de verdade.

Talvez, lá no fundo, Holland achasse que ele era um pouco perfeito demais, tipo um e-mail sem nenhum erro de digitação ou uma foto tratada que precisa de uma ruguinha. Mas isso poderia ser apenas Holland procurando sinais de alerta onde não tem.

Aquela era a terceira vez que saíam juntos, apenas, mas fazia dois anos que Holland não conseguia sair com alguém pela quarta vez. Não queria mesmo pôr tudo a perder. E estava com medo de já ter feito isso poucos minutos atrás, quando não conseguiu se segurar e arrastou Jake por aquele beco imundo, depois de ver um pôster que a fez pensar em uma das histórias contadas pela Professora-Doutora.

O pôster estava colado na lateral de um muro de cimento. Era dos antigos, do tipo que deveria ser um cartão-postal de madeira, daqueles que vendem no píer de Santa Mônica. Palmeiras em tons de marrom e verde desbotados pelo sol emolduravam a silhueta cor de carvão de um homem de chapéu fedora, olhando para o relógio. Sem nenhum logotipo, nenhum nome de marca. Na verdade, não tinha palavra nenhuma para identificar o que exatamente o pôster anunciava. Apenas duas letras nas abotoaduras do homem sem rosto: HH.

Homem das Horas.

Foi a primeira coisa que lhe veio à mente. E aí Holland arrastou Jake beco afora. Ela não conseguiu se conter.

Holland foi criada à base das caças ao tesouro que o pai fazia. Quando criança, ela aprendeu a procurar pistas do mesmo modo que outras crianças aprendem a brincar uma com as outras ou com blocos de encaixar. Talvez fosse por isso que sempre sentiu que não se encaixava em lugar nenhum, até encontrar as aulas de Folclore da Professora-Doutora. As histórias que ela contava faziam com que Holland tivesse a sensação de estar em uma das caças de seu pai.

Na verdade, ela não esperava encontrar nada naquela noite. Tudo em Los Angeles sempre a fazia lembrar-se das histórias da Professora-Doutora, e Holland sempre se sentia compelida a sair à caça dessas histórias. Era uma corrida perpétua por becos que jurava jamais ter visto até então, só para dar de cara com um bar, café ou livraria onde, na verdade, ela já tinha entrado. Mas não naquela noite. Naquela noite, Holland tinha certeza de que nunca havia entrado naquele beco. Teria se lembrado da placa.

Raridades & Relojoaria

Entre para ser atendido

As palavras estavam penduradas por um gancho de cobre que brilhava em contraste com a porta. Holland queria acreditar que a porta era antiga, mas poderia apenas estar suja. Foi só olhar para Jake para perceber que o rapaz estava pensando “suja”. Provavelmente, também repensava a decisão

de sair com Holland. A jovem queria que Jake mudasse de ideia. Também queria muito entrar por aquela porta e convencê-lo a acompanhá-la.

– Você gosta de mitos e lendas urbanas? – perguntou Holland.

– Gosto… na verdade, eu adoro. – Jake lhe deu um sorriso que estava muito mais para Super-Homem do que para Clark Kent. Holland sentiu uma faísca de esperança, achando que poderia ter retornado ao rumo certo.

E apesar disso... ficou em dúvida.

A Professora-Doutora tinha uma regra: os alunos não podiam compartilhar suas histórias com pessoas de fora da turma. Ninguém quebrava essa regra. A matéria exigia tanto esforço que os alunos não podiam simplesmente recontar essas histórias de graça, além disso, a Professora-Doutora sempre os advertia de que fazer isso poderia ter sérias consequências. Só que Holland não era mais aluna da turma de Folclore 517, e era apenas uma história. Mas…

– Antes que eu diga mais uma palavra – ela falou, baixinho –, preciso que jure pela vida do seu cachorro, da sua bicicleta ou daquela planta que você tem se esforçado tanto para que não morra, que não vai contar para ninguém o que estou prestes a dizer.

Jake sorriu ainda mais.

– Eu juro. – Então, ele se inclinou e deu um beijinho de leve nos lábios de Holland, como se quisesse selar a promessa. – É um segredo de família, então?

Holland ficou petrificada.

Forçou-se a lembrar de que Jake tinha uma família grande, que vivia ligando e contando até os detalhes mais corriqueiros do dia. Falar de família era uma coisa normal para ele. Não estava tentando pescar nenhuma informação.

Mesmo assim, a jovem demorou vários segundos para sorrir e torceu para que esse sorriso passasse a impressão de que estava brincando.

– Não é um segredo de família, mas é uma coisa sobre a qual eu não deveria falar. Quando estava na graduação, fiz essa disciplina chamada Folclore 517: Mitos Locais e Lendas Urbanas. O curso em si é meio que uma lenda local. Não dá para se matricular. Não consta em nenhum site. A gente tem que descobrir na base do boca a boca. E aí, no fim do semestre, se a gente passa, aparece no nosso histórico de disciplinas.

Jake fez uma expressão de quem estava por dentro.

– Então é tipo uma disciplina versão sociedade secreta?

Holland assentiu, nervosa, ou talvez estivesse empolgada. Não dava para dizer que contar aquele segredinho faria mal a alguém.

– Toda semana, a Professora-Doutora falava sobre algum mito local ou de alguma lenda urbana diferente, e a gente precisava jurar que não contaria para ninguém. Uma das lendas que ela contou era sobre uma pessoa conhecida como Homem das Horas. Supostamente, tem sinais e placas que levam até ele espalhados por Los Angeles. Se seguir as placas e os sinais e conseguir encontrá-lo, pode perguntar qual é a hora, e o Homem das Horas vai te responder quando você irá morrer.

A expressão de Jake mudou, uma minúscula ruga de preocupação se formou entre as sobrancelhas.

– Não é tão mórbido quanto parece – Holland foi logo dizendo. – A Professora-Doutora também disse que a gente pode fazer um trato com ele para conseguir mais tempo, viver mais do que estava previsto.

– E você acredita mesmo nisso? – perguntou Jake.

Tinha um certo tom em sua voz que Holland não conseguiu identificar direito. Mas, de repente, ela ficou com receio de ter sido otimista demais em relação ao interesse que o rapaz tinha por lendas urbanas. Jake era um cara normal que, provavelmente, estava acostumado a ter encontros normais. E, muito provavelmente, queria uma garota mais normal.

Claro que não.

Só acho divertido.

Não… nem um pouco.

Qualquer uma dessas alternativas teria sido uma excelente resposta para a pergunta feita por Jake: eram todas coisas que uma pessoa normal diria.

– Só entra comigo – desconversou Holland.

– Claro – respondeu Jake. E, como ele era um cara legal, espichou o braço e abriu a porta com a placa RARIDADES & RELOJOARIA para ela entrar.

Tudo o que havia do outro lado era dourado e de vidro leitoso. Uma fileira perfeita de lustres de vidro leitoso pendurados em fios dourados iluminava um chão perfeito de ladrilhos de vidro leitoso redondos com vários ladrilhos dourados cintilantes que formavam a palavra “tique-taque”.

Não tinha nenhuma pegada, nenhuma mancha, só as palavras reluzentes que piscavam sob os lustres de vidro, tipo a movimentação do ponteiro dos segundos.

A sensação era quase de mágica. Não uma magia grande e milagrosa, mas uma magia simples, das coisas atemporais. De cédulas de dois dólares e cartas escritas à mão, máquinas de escrever e telefones de discar.

Holland poderia ter dito isso em voz alta. Mas Jake estava com uma expressão de quem não sabia ao certo o que pensar daquele espaço insólito no fundo de um beco estranho. Não era bem isso que tinha em mente

quando sugeriu que os dois fossem tomar sorvete. Queria um encontro que ficasse bonito em um post do Instagram, não um que acabaria na thread de encontros infernais do Reddit.

Holland, de fato, tinha interpretado mal a situação, mas agora não podia mais voltar atrás. Tinha a sensação de que não teria outra oportunidade como aquela de encontrar, na vida real, um dos mitos citados pela Professora-Doutora.

Havia duas portas diante deles, e ambas também eram de vidro leitoso, branco lustroso, com maçanetas douradas e placas simples e retangulares no meio. Uma dizia RARIDADES. A outra dizia RELOJOARIA.

Holland pôs a mão na porta com a placa RELOJOARIA, torcendo para que fosse a do Homem das Horas. Se era para estragar aquele encontro, que fosse por um bom motivo.

A maçaneta nem se mexeu.

Ela insistiu.

– Acho que está trancada.

Jake espichou o braço por cima do ombro de Holland e bateu. Duas batidas altas, com a mão cerrada.

– Posso ajudar? – A voz escapou pela outra porta. A que tinha a placa escrita RARIDADES

Agora, na porta escancarada, havia uma moça parada. De cabelo platinado, curtinho, pequena argola no nariz, vestido branco e justo, no mesmo tom do vidro leitoso. À primeira vista, parecia jovem, mas algo no seu jeito de ficar parada ali, só observando, fez Holland pensar que a aparência dela poderia enganar.

Holland tentou ver o que tinha atrás da moça, ter um vislumbre do interior de Raridades, mas só enxergou mais luz branca.

A moça tamborilou, impaciente, os dedos de unhas quadradas no batente.

– Estamos procurando pelo Homem das Horas – respondeu Holland.

– Lamento. Não posso ajudar. – A moça deu um passo para trás imediatamente e já começou a fechar a porta.

– Só quero perguntar para ele qual é a hora – disparou Holland.

A moça ficou petrificada.

– Tem certeza, querida? – E acompanhou a pergunta com um olhar que dava a entender que seria prudente Holland ir embora naquele exato momento, levando aquele rapaz bonitinho junto com ela.

– Ela tem certeza – respondeu Jake. – Também quero saber qual é a hora.

–Sério? – perguntou Holland. Jake passou o braço no ombro dela, sua pele calorosa contra a dela.

–Se você vai fazer isso, eu também estou dentro.

Holland sentiu vontade de perguntar o que havia feito Jake mudar de ideia. Mas, de repente, ficou nervosa, de tanta empolgação.

A moça de branco resmungou alguma coisa entredentes. Algo parecido com a palavra “bestas”. Em seguida, fechou a porta e sumiu.

O tempo passou mais devagar dentro do corredor de vidro leitoso enquanto Holland a esperava voltar. O braço de Jake foi ficando mais quente em contato com seu ombro. Desta vez, ela é que ficou se sentindo constrangida, torcendo para que a moça realmente voltasse.

Finalmente, a porta “Raridades” reabriu. A moça surgiu, estendendo canetas e pedaços de papel com carbono grudado atrás. Apertou os lábios e falou:

–Se vocês dois têm certeza disso, escrevam seu nome no papel, com todas as informações solicitadas, que o Homem das Horas entrará em contato.

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