Brazilian Overview Monthly Report - PT - JUNHO 2025

Page 1


PRINCIPAIS FATOS

A divulgação mais recente sobre o desempenho da economia brasileira apontou um crescimento de 1,4% no primeiro trimestre de 2025, acumulando 3,5% nos últimos 12 meses, segundo o IBGE. O principal responsável por esse resultado foi o setor agropecuário, que apresentou uma expressiva elevação de 12,2%, impulsionado por uma safra excepcional que ultrapassou 330 milhões de toneladas, com destaque para soja e milho.

Por outro lado, o setor de serviços avançou apenas 0,3%, enquanto a indústria registrou uma leve retração de -0,1%, mantendo-se praticamente estável. Vale destacar que o bom desempenho do agronegócio tem caráter sazonal e não deve se repetir nos próximos períodos, apontando para uma trajetória de desaceleração já esperada.

Essa tendência de arrefecimento da atividade econômica é reforçada pela recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a taxa básica de juros de 14,75% para 15% ao ano. Desde o início do atual ciclo de alta, iniciado no segundo semestre de 2024, quando a taxa estava em 10,50%, já se previa que esse aperto monetário traria efeitos de desaceleração econômica.

Além disso, a expectativa é de que a taxa de juros permaneça em patamar elevado por um período prolongado, uma vez que a inflação segue acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5%, devendo encerrar o ano ainda acima de 5%. Segundo o IBGE, os preços ao consumidor subiram 0,26% em maio, acumulando 5,32% em 12 meses. Por fatores estatísticos, estima-se que o índice atinja seu pico em setembro, superando os 5,5%, antes de iniciar um processo gradual de desaceleração.

Os efeitos da política monetária já são perceptíveis em diversos setores. O comércio, por exemplo, registrou crescimento de 0,8% em abril na comparação anual, segundo o IBGE, influenciado negativamente pela queda no setor de veículos, que teve retração de -7,1%. Apesar de a maioria dos segmentos manter desempenho positivo, o ritmo de crescimento é inferior ao observado no final de 2024.

O encarecimento do crédito tem desempenhado papel central nesse cenário. Dados do Banco Central indicam que as concessões de crédito às pessoas físicas, antes em ritmo de crescimento de dois dígitos, começaram a apresentar variações mais modestas. No caso específico de financiamento de veículos, houve retração real de 11,1% em abril, em relação ao mesmo mês do ano anterior.

A indústria, também sensível às condições de crédito, registrou leve recuo de 0,3% em abril, interrompendo uma sequência de 10 meses consecutivos de alta. Já o setor de serviços, em desaceleração desde fevereiro, teve crescimento de 1,8% em abril, com destaque para os segmentos de tecnologia da informação (12,2%) e turismo. Este último, conforme dados da FecomercioSP, cresceu 10,4% em abril, recorde para o período, acumulando quase 7% de alta no ano.

A taxa de juros elevada também tem contribuído para a valorização do real. Em junho, a cotação do dólar oscilou em torno de R$ 5,50, valor ligeiramente inferior ao observado em maio. Além disso, o dólar tem perdido valor frente a uma cesta de moedas internacionais, o que reforça essa tendência.

Apesar do cenário de tensões geopolíticas, como o conflito entre Israel e Irã, o câmbio permaneceu relativamente estável até o momento da

elaboração desta análise. Entretanto, a alta do preço do barril de Brent — de US$ 65 para US$ 73 entre maio e junho — pode pressionar os preços dos combustíveis, caso esse patamar se mantenha.

Para agravar o ambiente econômico, o governo federal encaminhou ao Congresso uma proposta de aumento da alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), impactando diretamente o turismo ao encarecer a compra de moeda estrangeira em espécie e o uso de determinados cartões de

DADOS IMPORTANTES:

1

Inflação no Turismo: De acordo com dados do IBGE, os serviços de turismo no país possuem tendências distintas. Enquanto as passagens aéreas tiveram queda média de -13,16% em um ano, a locação de veículo subiu 16,06%, não muito distante dos meios de hospedagem, de 11,28%. Os ônibus interestaduais tiveram uma variação mais alinhada com a média nacional, de 4,08%.

RESUMO MAIO/2025

In ação (LTM-Fev*)

*LTM - Últimos doze meses

Legenda: Verde, Vermelho e PretoOs dados ficam melhores, piores e iguais do que no mês anterior.

pagamento. A medida gerou tensão no cenário político e reforçou a percepção de que não haverá reformas estruturantes significativas em 2025, com foco maior no aumento de receitas do que na contenção de despesas.

Embora os dados econômicos mais recentes apresentem sinais positivos em média, é evidente o movimento de desaceleração, que deve se intensificar na segunda metade do ano — conforme já era amplamente esperado. O setor de turismo, no entanto, mostra resiliência e deve manter bom desempenho ao longo de 2025.

2

Turismo regional: Em abril, o turismo de Tocantins deu um salto de 33,4%, segundo levantamento mensal da FecomercioSP. Na sequência, destinos tradicionalmente conhecidos por sol e praia, Bahia (17,7%), Rio de Janeiro (16,5%) e Ceará (15,7%), todos esses aproveitando o mês com feriados importantes.

3

Inadimplência: Em São Paulo, o percentual de famílias inadimplentes passou de 19% em fevereiro para 21,7% em maio, totalizando 888 mil famílias com contas em atraso, reflexo direto da inflação elevada e dos juros altos sobre o orçamento doméstico, o que pode afetar o desempenho do comércio.

ÍNDICES DE CONFIANÇA:

Confiança do Consumidor (ICC): Após uma sequência de quedas, o índice volta a subir em maio, 0,6% na comparação com abril, indo aos 111,7 pontos, porém cai 11,6% no contraponto anual. A mudança na trajetória não significa uma mudança de cenário, mas uma acomodação do indicador num patamar mais baixo. A inflação alta e os juros elevados ainda pressionam o orçamento, o que deve continuar ao longo deste ano.

Confiança do Empresário do Comércio (ICEC): Também apresentou elevação em maio, com alta de 1,8%, chegando a 99,4 pontos. Contudo, permanece 7,9% abaixo do nível registrado no mesmo mês de 2024. A recuperação pontual está associada a datas comemorativas, como o Dia das Mães, não alterando a tendência de estabilidade em patamar inferior.

Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e Empresário Comercial (ICEC)

(ICC) and Comerce Businessman (ICEC)

Consumer Confident Index (ICC) and Comerce Businessman (ICEC)

Note: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional.

VIAGENS E TURISMO

Prezado leitor do Brazilian Overview Monthly Report,

Como muito de vocês já sabem, o BOM Report nasceu de um material tradicional da PANROTAS, o Brazilian Overview, anuário impresso lançado para ser distribuído na principal feira de Turismo dos Estados Unidos, o IPW.

Portanto, neste mês nós aproveitamos o material entregue para os estrangeiros em Chicago. Aproveite as análises e dados atualizados para fazer os melhores negócios com o mercado brasileiro. Boa leitura.

Relatório produzido pela PANROTAS e pela FecomercioSP com o objetivo de servir como norteador de decisões para destinos e empresas nacionais estrangeiras. Para mais informações ou esclarecimentos, entre em contato com ri@fecomercio.com.br ou redacao@ panrotas.com.br

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.