Brazilian Overview Monthly Report - PT - AGOSTO 2025

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ÍNDICE

PRINCIPAIS FATOS

O nível de tensão global permanece elevado, com os Estados Unidos negociando e impondo tarifas nas suas relações comerciais com diversos países. No Brasil, entretanto, observou-se um alívio momentâneo: desde o anúncio do tarifaço de 50% para as importações brasileiras, em julho, a situação apresentou melhora relativa, uma vez que grande parte dos itens foi excluída da alíquota cheia. Ainda assim, persiste o risco de agravamento da crise, não apenas no tocante ao comércio com o Brasil, mas também por seus efeitos indiretos, caso o governo norte-americano imponha sanções à Rússia — importante exportador de óleo diesel e fertilizantes para o mercado brasileiro.

Apesar do ambiente altamente complexo e incerto, uma combinação de fatores tem sustentado a tendência de queda na taxa de câmbio. A moeda norte-americana vem perdendo valor frente a uma cesta de moedas no mercado internacional e, simultaneamente, a taxa de juros no Brasil, atualmente em 15% ao ano, tem favorecido a valorização do real, que voltou a oscilar abaixo de R$ 5,40. O câmbio mais baixo auxilia no controle da inflação, que já apresenta indicadores positivos e poderá, inclusive, contribuir para que o Banco Central reduza a taxa de juros em um futuro próximo. Segundo o IPCA — índice oficial de inflação medido pelo IBGE —, houve aumento de 0,26% em julho, resultado similar ao de junho (0,24%), acumulando alta de 5,23% em 12 meses. O principal grupo de consumo, alimentação e bebidas, mantém sequência de deflação, o que vem contribuindo para a melhoria do poder de compra das famílias.

Mesmo as elevações registradas no mês foram pontuais, não caracterizando tendência, o que reforça a expectativa de que a inflação permanecerá moderada nos próximos meses. Esses dados representam um alívio para a economia, que vislumbra a possibilidade de redução dos juros para impulsionar um ritmo mais forte de crescimento e reverter a atual tendência de desaceleração. O IBC-Br — indicador que funciona como prévia do PIB — apontou retração de 0,1% em junho, após estabilidade no mês anterior, reforçando a percepção de enfraquecimento da atividade. Esse cenário é corroborado pela queda no volume de crédito em determinadas modalidades para famílias e empresas, como no financiamento de veículos, que até pouco tempo registrava crescimento de dois dígitos e agora apresenta retração.

Os dados setoriais confirmam essa tendência: as vendas do comércio recuaram 3% em junho. Apesar de o semestre ter encerrado com crescimento modesto de 0,5%, os últimos meses indicam desaceleração, com retração inclusive no setor de supermercados (-0,5%). A indústria também apresentou queda de 1,3% no mesmo mês. Já o setor de serviços mantém um ritmo mais favorável, com avanço de 2,8% em junho, impulsionado pelo turismo, que se mantém resiliente e representa um importante pilar de sustentação para que a economia brasileira não apresente um quadro ainda mais deteriorado. De acordo com levantamento mensal da FecomercioSP, o faturamento do Turismo nacional registrou em junho o melhor resultado para o mês desde o início da série histórica, com alta anual de 5,6% e encerrando o semestre com elevação de 6,9%.

As análises de relatórios anteriores do BOMR vêm se confirmando: havia um quadro positivo, mas com previsão de desaceleração mais evidente em algum momento. Com a inflação projetada para recuar abaixo de 4,5% já no primeiro trimestre do próximo ano, abrese uma oportunidade para cortes na taxa de juros. Contudo, tanto fatores externos quanto internos mantêm o Banco Central em posição cautelosa. No cenário internacional, a guerra comercial pode se intensificar, elevando o risco-país e dificultando a redução de juros. No contexto doméstico, o déficit fiscal segue

DADOS IMPORTANTES:

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Inadimplência: Segundo o Banco Central, a inadimplência das famílias com atraso superior a 90 dias atingiu 6,3% do saldo de crédito em junho, o maior nível em dois anos, com alta de quase um ponto percentual desde o início do ano.

RESUMO AGOSTO/2025

descontrolado, e o ano eleitoral de 2026 poderá pressionar os gastos públicos, alimentando inflação e juros.

O Brasil precisa priorizar o ajuste fiscal. Caso já estivesse no caminho do equilíbrio das contas públicas, o país estaria mais bem preparado para enfrentar o impacto de uma guerra comercial, criando espaço para reduzir juros, inflação e câmbio, estimulando o investimento — variável essencial para um crescimento econômico robusto. Assim, os próximos meses representarão grandes desafios, em um processo claro de desaceleração.

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Desemprego: A taxa de desemprego recuou para 5,8% no segundo trimestre, o menor nível já registrado, conforme o IBGE. A renda disponível dos trabalhadores alcançou R$ 353 bilhões no período, recorde da série histórica.

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Inflação de julho: O índice geral de preços avançou 0,26%, com pressão concentrada em itens específicos, como passagens aéreas (+20%) — em razão do período de férias — e energia elétrica residencial (+3,04%).

ÍNDICES DE CONFIANÇA:

Confiança do Consumidor (ICC): O índice recuou 3,5% em julho, passando de 112,9 para 108,9 pontos, ainda em território otimista. Apesar da melhora na inflação, os juros elevados dificultam o acesso ao crédito e a perspectiva de desaceleração econômica afeta a confiança no médio e longo prazo. O patamar atual é cerca de 15% inferior ao observado no mesmo período de 2024.

Confiança do Empresário do Comércio (ICEC): Avanço de 1,8% em julho, atingindo 102,8 pontos. No entanto, na comparação anual, houve queda de 3,7%. O cenário requer atenção, pois o tarifaço norte-americano pode prejudicar as expectativas do empresariado, e os juros altos continuam impactando o consumo e o crédito.

Índice de Confiança do Consumidor (ICC) e Empresário Comercial (ICEC)

Consumer Confident Index (ICC) and Comerce Businessman (ICEC)

Note: O ICC e ICEC variam de 0 a 200. De 100 a 200 pontos é considerado um patamar otimista, e abaixo dos 100 pontos pessimista. Apesar dos indicadores serem da cidade de São Paulo, eles seguem na tendência do que está acontecendo no resto do País já que a cidade, maior do Brasil, representa 11% do PIB nacional.

VIAGENS E TURISMO

VIAGENS INTERNACIONAIS

EM CRESCIMENTO NO BRASIL

Estados Unidos, Europa, Argentina... o brasileiro com maior poder aquisitivo não abre mão das viagens internacionais e os números mostram isso. Enquanto a malha aérea doméstica está ainda atrás dos números de 2015 (dez anos atrás) e até de 2019 em muitos Estados, o número de voos internacionais só cresce.

Este ano, o Brasil fechará com 76,2 mil voos internacionais e 17,9 milhões de assentos ofertados. Um crescimento de 18% e 16% sobre 2024, respectivamente. São números recordes, que ultrapassam os maiores dos últimos 10 anos: 65,8 mil voos e 14,6 milhões de assentos, em 2018.

Os dados são da Forwardkeys (an Amadeus Company), que fez um levantamento, a pedido do Portal PANROTAS.

Total de voos internacionais

(agosto a dezembro 2025)

2024: 27.873

2025: 32.501

Crescimento de 17%

Total de assentos em voos internacionais

(agosto a dezembro)

2024: 6,7 milhões

2025: 7,6 milhões

Crescimento de 14%

São Paulo é o Estado com mais destinos internacionais interligados, são 51, com voos saindo de Guarulhos ou Viracopos. É o único

Estado com dois aeroportos com voos regulares internacionais. E concentra 60% dos voos e 64% dos assentos ofertados. O segun-

do lugar é do Rio de Janeiro, com 24 destinos conectados e 20% do total de voos.

Basta somar a oferta de São Paulo e Rio para vermos que sobram 20% dos voos para serem divididos em 14 outros aeroportos pelo País. O terceiro lugar é de Brasília, com menos de 4% do total de voos internacionais.

Confira a seguir os destinos interligados com as principais cidades brasileiras:

1º – São Paulo (GRU e VCP, Guarulhos e Viracopos): 51 destinos

Addis Ababa, Amsterdã, Aruba, Assunção, Atlanta, Barcelona, Bariloche, Bogotá, Boston, Buenos Aires, Caracas, Casablanca, Chicago, Cidade do Cabo, Cidade do México, Cidade do Panamá, Córdoba, Dallas, Doha, Dubai, Fort Lauderdale, Frankfurt, Houston, Istambul, Joanesburgo, Lima, Lisboa, Londres, Los Angeles, Luanda, Madri, Mendoza, Miami, Milão, Montevidéu, Montreal, Munique, Nova York, Orlando, Paris, Porto, Punta Cana, Punta del Este, Roma, Salta, San José (Costa Rica), Santa Cruz de la Sierra, Santiago, Toronto, Washington DC e Zurique

2º – Rio de Janeiro: 24 destinos internacionais

Amsterdã, Atlanta, Bogotá, Buenos Aires, Cidade do Panamá, Córdoba, Dallas, Dubai, Frankfurt, Houston, Lima, Lisboa, Londres, Madri, Mendoza, Miami, Montevidéu, Nova York, Paris, Porto, Roma, Rosario, Santiago e Toronto

3º – Brasília: 9 destinos internacionais

Bogotá, Buenos Aires, Cancun, Cidade do Panamá, Lima, Lisboa, Miami, Orlando e Santiago

4º – Recife: 8 destinos internacionais

Buenos Aires, Córdoba, Lisboa, Madri, Montevidéu, Orlando, Porto e Santiago

5º – Belo Horizonte: 8 destinos internacionais

Bariloche, Buenos Aires, Cidade do Panamá, Curaçao, Fort Lauderdale, Lisboa, Orlando e Santiago

6º – Florianópolis: 7 destinos internacionais

Buenos Aires, Cidade do Panamá, Córdoba, Lima, Lisboa, Montevidéu, e Santiago

7º – Fortaleza: 7 destinos internacionais

Buenos Aires, Caiena, Lisboa, Paris, Miami, Orlando e Santiago

8º – Porto Alegre: 6 destinos internacionais

Bariloche, Buenos Aires, Cidade do Panamá, Lima, Lisboa e Santiago

9º – Belém: 6 destinos internacionais

Bogotá, Caiena, Fort Lauderdale, Lisboa, Miami e Paramaribo

10º – Salvador: 5 destinos

Buenos Aires, Lisboa, Madri, Montevidéu e Paris

11º – Curitiba: 5 destinos internacionais

Assunção, Buenos Aires, Lima, Montevidéu e Santiago

12º – Manaus: 5 destinos internacionais

Bogotá, Cidade do Panamá, Fort Lauderdale, Miami e Puerto Ordaz (Venezuela)

13º – Natal: 2 destinos internacionais

Buenos Aires e Lisboa

14º – Porto Seguro: 1 destino internacional

Buenos Aires

15º – Foz do Iguaçu: 1 destino internacional

Santiago

16º – Maceió: 1 destino internacional

Buenos Aires

Fonte: ForwardKeys (an Amadeus Company)

VOO DOMÉSTICOS

Também de acordo com dados da ForwardKeys, o Brasil ainda não alcançou o número de voos domésticos mais alto já registrado, que foi de 916.739, em 2015. Em 2018 atingimos o segundo maior patamar, com 802.503 voos oferecidos pelas companhias aéreas brasileiras. Em 2019, que usamos como referência pré-pandemia, foram 799.788. Neste ano, são 784.969 voos (entre já realizados e os programados até o final do ano). Ou seja, ainda não recuperamos sequer a malha do pré-pandemia em número de voos.

Já em número de assentos ofertados, o Brasil está quase chegando no maior nível, atingido em 2015. Até o momento, neste ano, são 126.571.208. Há dez anos, este número foi de 128.528.242. A menor oferta registrada foi em 2020, quando 59.249.018 assentos foram disponibilizados em razão da pandemia de Covid-19. Mas o número de assentos sim foi recuperado, desde 2024. Este ano são 126 milhões de assentos, contra 118 milhões em 2019.

Apenas dez Estados do Brasil recuperaram sua malha doméstica em relação ao pico de dez anos atrás: São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Santa Catarina, Goiás, Alagoas, Paraíba, Sergipe, Acre e Roraima.

VIAGENS CORPORATIVAS

As agências de viagens corporativas registraram vendas de R$ 1,23 bilhão em julho deste ano, aumento de 8,69% em relação a julho de 2024, quando alcançaram R$ 1,13 bilhão. O desempenho do sétimo mês de 2025 mostrou uma mudança da tendência de estabilidade em comparação a 2024, que vinha ocorrendo até junho.

Os dados são da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), que analisa 11 setores do mercado mensalmente, de acordo com a arrecadação das suas agências de viagens corporativas (TMCs) associadas. Se no consolidado do primeiro semestre o faturamento das TMCs associadas Abracorp ficou 2,8% abaixo do mesmo período de 2024, julho começa a demonstrar uma nova realidade de crescimento, na visão da entidade.

EXPECTATIVAS

A geopolítica, com as guerras em Israel, Ucrânia e Rússia, entre outros conflitos, continua ditando o fluxo do Turismo internacional e no Brasil não é diferente. Guerras e instabilidade política continuam afastando turistas, que buscam destinos fora desse mapa conflituoso.

Mas o mundo em guerra não é a única preocupação dos brasileiros, que agora veem a sua frente um cenário de incertezas para planejar uma viagem.

O que preocupa o brasileiro hoje:

• As guerras ao redor do mundo e instabilidade política que pode levar a conflitos

• Dólar valorizado, o que encarece a viagem

• Novas medidas do governo americano para viagens aos EUA, incluindo taxa extra de US$

250 para tirar o visto, necessidade de entrevistas para renovar alguns tipos de visto, maior rigor nos vistos de estudantes e investigação das redes sociais de alguns solicitantes de visto.

• Custo da hospedagem, especialmente na Europa.

• Início dos vistos eletrônicos na União Europeia e no Reino Unido.

• Eleições em 2026 no Brasil e efeitos da guerra comercial com os Estados Unidos. Como o tarifaço afetará os custos no país?

Muitas empresas já estão segurando os custos para os próximos meses, diante da incerteza, que ainda inclui como a inteligência artificial afetará processos de vendas, empregos e os negócios em geral. Alguns apostam que as viagens domésticas devem crescer, diante desse cenário, mas, se perguntado, o viajante dirá que continua querendo viajar para fora do País – e continuará fazendo.

Tendências em alta:

Viagens sem visto

Luxo

Cruzeiros

Viagens pelo Brasil

Esportes

Shows

Destinos de curta de distância (2026 terá 11 feriados prolongados no Brasil)

Relatório produzido pela PANROTAS e pela FecomercioSP com o objetivo de servir como norteador de decisões para destinos e empresas nacionais estrangeiras. Para mais informações ou esclarecimentos, entre em contato com ri@fecomercio.com.br ou redacao@panrotas.com.br

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